Os investigadores estão à procura de indícios de negligência no depósito do nitrato de amónio, um fertilizante altamente explosivo, armazenado há seis anos num edifício do porto. Querem saber quem tinha conhecimento desse depósito. Vários funcionários do porto de Beirute estão em prisão domiciliária.
Continuam também as buscas na área em torno do centro da explosão. Há ainda cerca de uma centena de pessoas desaparecidas. Contam-se já mais de 130 mortos e quatro mil feridos.
A explosão destruiu inúmeras casas na cidade. Segundo o governador de Beirute, 300 mil pessoas terão ficado desalojadas. Muitas tentam salvar o que podem dos escombros.
Uma residente lamenta, ao entrar na casa, parcialmente destruída: “Isto é uma casa antiga que guardámos e cuidámos durante toda a vida. Adoramo-la porque vivemos aqui toda nossa vida. Quando vim buscar a minha mãe e o meu irmão passei pela auto-estrada e vi muita gente ferida… gente morta… foi uma visão terrível”.
Equipas de voluntários juntaram-se nas ruas dos bairros mais afetados para limpar os destroços. O cenário é desolado. Um residente afirma: “Só podemos chorar pelo que vemos aqui. O país está a lutar, mas sempre que damos um passo em frente, damos dez para trás. Não há mais nada a dizer. Deus nos ajude e ao Líbano”.
Diversos países já ofereceram ajuda humanitária. De França já seguiram três aviões com equipamento médico e sanitário, assim como 55 socorristas. A União Europeia também anunciou o envio de ajuda.
O presidente francês, Emmanuel Macron, desloca-se esta quinta-feira a Beirute para fazer o ponto da situação com as autoridades locais
Mas a comida é essencial. O Líbano importa praticamente todos os bens essenciais e com o porto destruído, a segurança alimentar de todo o país é uma preocupação.
Preocupante é também a resposta ao nível da saúde. Três dos hospitais de Beirute foram atingidos pela explosão e não prestam serviços; como é o caso do Hospital de São Jorge, onde alguns funcionários foram mortos pela explosão. Os outros, já sobrecarregados com a pandemia, não conseguem dar resposta a todas às necessidades.
O Dr. Kamal Haddad conta o que se passa no Hospital de São Jorge: “Temos estragos em todos os cinco pisos. Desde a noite passada estamos a transferir os doentes para um campo ali atrás e estamos a prestar-lhes apenas cuidados primários”.
O governo decretou o estado de emergência por duas semanas e libertou fundos de ajuda imediata mas, mesmo com toda a ajuda interna e externa, esta ferida no coração de Beirute vai demorar muito tempo a sarar.