Sem surpresas, a eurodeputada maltesa do grupo do Partido Popular Europeu (PPE) Roberta Metsola foi hoje eleita presidente do Parlamento Europeu. Aos 43 anos de idade – que fez esta terça-feira – será a mais nova líder de sempre a chefiar a instituição.
Metsola substitui o socialista italiano David Sassoli, que morreu, de forma repentina, na semana passada.
Com 458 votos a favor conseguiu a maioria absoluta, à primeira volta, superando a sueca Alice Kuhnke, do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, que ficou na segunda posição com 101 votos. A espanhola Sira Rego, do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu, ficou-se por 57 votos.
Já o eurodeputado polaco Kosma Zlotowski, do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, retirou a candidatura antes do início da primeira volta do escrutínio.
Metsola, a grande vencedora, disse querer tornar a União Europeia atrativa para os mais jovens.
“O modelo político que desenvolvemos conduziu o nosso continente à democracia, à prosperidade e igualdade, mas se queremos agora elevar a Europa aos níveis prometidos à próxima geração, precisamos de formar algo ainda mais forte, em sintonia com os tempos que vivemos, que motive um público mais jovem e mais cético a acreditar na Europa”, sublinhou.
O co-líder do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu, Philippe Lamberts, disse estar satisfeito por se ter escolhido uma mulher para a presidência, embora se encontre desapontado com o processo de seleção: “Teremos novamente uma presidente do Parlamento Europeu. Em 40 anos, é apenas a terceira. Não podemos dizer que o equilíbrio de género foi respeitado, então, desse ponto de vista, é positivo. Mas, uma vez mais, o Parlamento Europeu poderia adotar procedimentos melhores para decidir quem se torna presidente.”
Outros, como a eurodeputada francesa do grupo da Esquerda Europeia Manon Aubry, criticaram a postura antiaborto de Metsola: “Lamentamos a posição dela em relação ao aborto. Este é um sinal muito difícil para centenas de milhares de mulheres, principalmente na Polónia, que lutam para defender o direito ao aborto. Espero, agora, que ela possa representar todo o Parlamento neste tema.”
Roberta Metsola é contra a interrupção voluntária da gravidez, mas com a maioria dos eurodeputados a favor da escolha, garantiu que como presidente respeitará a voz da maioria no Parlamento.
Por outro lado apoia os direitos da comunidade LGBT.
Oriunda de Malta, preocupa-se igualmente com a questão da migração. Esteve, aliás, à frente de alguns dos trabalhos do Parlamento sobre a Frontex, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira, liderando as negociações para atualizá-la e expandi-la.
Antes de chegar a eurodeputada, Metsola foi assessora jurídica da ex-chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton.
Será a terceira mulher à frente do Parlamento Europeu, após Simone Veil e Nicole Fontaine. A principal conquista Veil como política foi precisamente promulgação da lei que despenalizou o aborto em França em 1974.