Concessão do aeroporto deve potencializar o turismo e a economia de Londrina

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Junto com outros três aeroportos paranaenses, o Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, passará agora para a concessão privada. O terminal estava entre nove complexos que compunham o Lote Sul do leilão promovido na quarta-feira (7) pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na Bolsa de Valores, e será administrado agora pelo grupo CCR, que deve investir R$ 273 milhões nos próximos 30 anos em projetos de melhoria da infraestrutura aeroportuária e ampliação da capacidade de voos.

A aposta do setor produtivo da segunda maior cidade paranaense é que esses projetos serão fundamentais para incrementar toda a economia da região Norte, além de potencializar o turismo no médio e longo prazo. Além do Norte, o aeroporto atende outras regiões próximas, como o Norte Pioneiro e o Vale do Ivaí e até parte do estado de São Paulo. A região de influência cobre mais de 90 municípios e uma área total de 32 mil quilômetros quadrados.

“Com a concessão para a iniciativa privada, teremos agora uma gestão mais eficiente, mais rápida, além de muitos investimentos, ampliação de pista e mais voos”, afirma o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Fernando Moraes, ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). “Londrina sofre muito, principalmente no inverno, com o fechamento do aeroporto. Com equipamentos e estrutura mais moderna, tudo isso será melhorado. A cidade poderá ser um hub regional de logística muito forte, beneficiando todo o Paraná”.

A principal melhoria será a ampliação da pista, que passará dos 1.675 metros atuais para 2.400 metros, como mostra o estudo feito pelo Ministério da Infraestrutura. A ampliação está prevista para a primeira etapa de obras, que inicia em 2024 e inclui também a construção do novo terminal de passageiros e melhoramentos no já existente, além da construção e adequação das pistas de taxiamento. Outras obras estão previstas para os anos seguintes da concessão, que vence em 2051.

Junto aos investimentos privados, entidades da sociedade civil organizada também têm projetos para o entorno do aeroporto, utilizando os terrenos hoje ociosos para a implantação de um parque tecnológico. “Já temos estudos para transformar a área próxima em um fator de desenvolvimento da cidade, com a proposta de instalar indústrias tecnológicas no entorno, a exemplo do que foi feito em outros aeroportos do mundo, como em Jacksonville, nos Estados Unidos, e Bilbao, na Espanha. Pretendemos apresentar essa proposta para a nova concessionária, para que a partir do aeroporto toda a cidade e a região se desenvolvam”, explica Ary Sudan, vice-presidente do Fórum Desenvolve Londrina.

A organização é formada por cerca 40 instituições londrinenses, incluindo universidades, institutos de pesquisa, cooperativas e entidades de classe. “Londrina merece um aeroporto mais moderno, e é isso que observamos que teremos com a concessão privada. É a segunda maior cidade do Paraná e um polo econômico no Interior, com agronegócio e indústrias fortes e um setor de tecnologia que tem se desenvolvido muito fortemente”, destaca Sudan.

CARACTERÍSTICAS – De acordo com o estudo que viabilizou a proposta de concessão, além de importante eixo de ligação entre as regiões Sul e Sudeste, Londrina se destaca como o polo de saúde do Paraná, englobando centros de tratamento de referência e indústrias voltadas ao setor. A economia da região também se apoia no setor comercial, na produção agropecuária e nas indústrias locais, voltadas às atividades metalúrgica e agroalimentar, por exemplo.

A região metropolitana de Londrina teve grande demanda aeroportuária e o Aeroporto Governador José Richa triplicou o número de passageiros entre 2000 e 2012, quando atingiu a marca 1,1 milhão de pessoas. Antes da pandemia, cerca de 1 milhão de passageiros circulavam por ano no terminal, e a movimentação de cargas chegava a 2,3 mil toneladas anuais.

Em 15 anos, a expectativa é que a movimentação de passageiros aumente 40%, chegando 1,4 milhão de embarques e desembarques por ano. Em 2050, esse fluxo deve crescer 86%, chegando a 1,8 milhão de passageiros. Já a previsão é que movimento de aeronaves cresça 72% em 15 anos e mais de 170% em 30 anos, com a previsão de 61.580 aviões pousando em 2051.

São previsões que agradam o setor turístico da região, que acredita no aumento do fluxo de turistas desembarcando em Londrina nos próximos anos. “O aporte financeiro para melhorar a estrutura do aeroporto será uma alavanca para o turismo. Um aeroporto mais moderno vai potencializar o setor. Recebemos com muita alegria essa notícias, é o respiro que o setor precisa depois de ser tão impactado pela pandemia”, avalia Denise Fertonanni Araújo, membro da Governança de Turismo de Londrina, da Associação dos Meios de Hospedagem de Londrina e Região e vice-presidente da Adetur Norte.

A cidade é uma das três do Paraná, além de Curitiba e Foz do Iguaçu, a contar com o selo A do Mapa do Turismo nacional, concedido pelo Ministério do Turismo, um índice importante para determinar o planejamento turístico das cidades. “Além de um bom destino para compras, Londrina tem uma gastronomia muito rica, uma cultura forte, com festivais de dança, música e teatro, e é um importante polo do turismo de negócios. Muitos dos que vêm para fazer negócios usam o avião como meio de transporte”, salienta.

LEILÃO – Além Londrina, também passaram para a concessão privada os aeroportos Afonso Pena, em São José dos Pinhais, das Cataratas, em Foz do Iguaçu, e Bacacheri, em Curitiba. O Lote Sul, no qual os terminais paranaenses estavam inclusos, foi arrematado pelo valor de R$ 2,128 bilhões, um ágio de 1.534% da proposta inicial mínima de R$ 130,2 milhões. O lance foi dado pela Companhia de Participações em Concessões, do grupo CCR. O leilão da Anac contou com 22 aeroportos em 12 estados e arrecadou R$ 3,3 bilhões.

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