No início de março do ano passado, a pandemia chegou virando a rotina de todos de cabeça para baixo. A vida de muitos foram mudadas de repente. Jovens, crianças impedidos de ir às escolas e adultos no ambiente de trabalho, mas foi através deste novo jeito de viver que o número na compra de livros aumentou em todo o país. Várias pessoas com a vinda da quarentena, retomaram este hábito.
Segundo informações do proprietário de uma sebo em Maringá, RobesPierre, afirma que apesar da tecnologia, as vendas do local continuaram firmes. “Trabalhamos neste ramo há 20 anos e ainda muitas pessoas tem o hábito da leitura, o que não é muito comum, aqui mesmo, os livros sobre educação financeira, religião, psicologia e auto-ajuda são os mais procurados”, ressalta.
Pierre ainda complemente que com a pandemia, as pessoas aprenderam a pegar u m livro na mão outra vez, separando um tempo para a leitura, não poder viajar, lojas fechadas, tudo isso também ajudou este hábito voltar.
Para a estudante do curso Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá, (UEM), Elisângela de Sá, 22, conta que o hábito de leitura nunca foi um problema,quando estava no fundamental gostava de ficar na biblioteca folheando os livros. “Foi assim que começou, lembro que estava folheando o livro “Querido Diário Otário, (Jamie Kelly), gostava muito dessa série, mas como a biblioteca da escola era um pouco escassa e não tinha todos os volumes, acabei parando”, diz.
Sá conta que começou a ler assiduamente com a saga Crepúsculo de Stephenie Meyer depois que assistiu o primeiro filme da coleção, no entanto,não parou mais.” comecei a comprar também por conta própria com uns 10/11 anos e montar minha coleção, a partir disso nunca mais parei de ler e comprar livros,leio entre 30/40 livros por ano”,ressalta.
Com mais de 30 livros publicados, e criador de 17 clubes de leitura pelo país, o professor de literatura brasileira Nailor Marques Junior, aponta que os números da ultima pesquisa realizada em 2019 pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros mostram que 56% dos brasileiros disseram que já leram um livro inteiro ou um pedaço de um livro, sendo que 42% afirma que foram a bíblia. “30% dessas pessoas nunca compraram um livro na vida, isso é algo muito ruim e 56% alegam nunca terem lido um livro inteiro e a pandemia virou do avesso a vida das pessoas, elas procuraram não só os livros, mas outras formas de entretenimento como streaming, filmes nas plataformas digitais que cresceram também”, pontua.
Com mais de 60 livros lidos em um ano, a professora de inglês de Fernanda Gonçalves conta que pra ela a leitura começou de uma forma trivial. “Quem ensinou este hábito para mim, foi minha mãe. Quando tinha seis anos, passou um viajante na escola vendendo livros. uma coleção de 12, era R$1,00 cada, comprei os 12 e li todos no mesmo dia. Hoje não sei explicar, olho pro livro, me identifico com a história, mesmo com as novas formas digitais para ler, amo pegar o papel, folhear e segurar na mão”, diz. Fernanda ainda ressalta que como professora de inglês é muito bom, pois ela incentiva vários alunos a ler no idioma original incentivando o hábito da leitura e o aprendizado.
Para a gerente de uma livraria aqui em Maringá, Patricia Arce da Costa, conta que a compra de livros on-line aumentou e muito, pois as pessoas têm mais tempo de pesquisar e escolher, mas ainda na física existem aquelas que vão mesmo com o número reduzido de visitantes, escolher e namorar aquele sonhada história “ A venda de livros aumentou, mas ainda sim, o brasil perdeu uma quantidade expressiva de leitores, mas vemos por outro lado, que muitos estão qualificando a leitura , pensando mais, querendo saber mais da história e isso é muito bom, incentiva e desperta a curiosidade, pois vemos que o hábito de ler tem voltado para muitos”, afirma. Segundo ela, os livros mais adquiridos são de auto-ajuda, religião, psicologia, o clássico Harry Potter e agora a sensação da Netflix, Os Bridgertons de Julia Quinn.