Existe um ditado popular que diz: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Contudo, quando o assunto são as pimentas mais ardidas do planeta, apenas os verdadeiros fãs dessas especiarias têm coragem de enfrentar o desafio. Há 15 anos, o produtor Rildo Cazé, de Maringá, se dedica ao cultivo de 235 variedades de pimentas chamadas de “nucleares” — aquelas com níveis de ardência que superam 1 milhão de unidades na Escala Scoville (SHU).
O trabalho de Rildo é tão reconhecido que algumas de suas variedades já são exportadas para outros países. “Minha paixão por pimentas começou com intercâmbios culturais. Fiz amizades com pessoas da África e Itália e passei a trocar sementes. Hoje, tenho variedades vindas de Cuba, Chile e outros lugares, que foram adaptadas ao nosso clima para garantir um cultivo de qualidade”, explica o produtor.
Entre as diversas espécies cultivadas, a Carolina Reaper é a mais procurada no viveiro de Rildo, localizado no Conjunto Imperial. Por muito tempo, ela foi considerada a pimenta mais ardida do mundo pelo Guinness Book, mas perdeu o título para a Pepper X.
“A Carolina Reaper se adapta muito bem ao clima local e tem uma intensidade de ardência impressionante. Para comparação, enquanto a malagueta chega a 75 mil SHU, a Carolina Reaper atinge impressionantes 2,2 milhões de SHU”, destaca o produtor.
A alta demanda por pimentas ardidas em Maringá
Diariamente, visitantes de Maringá e outras regiões comparecem ao viveiro de Rildo em busca das cobiçadas pimentas nucleares. Aliás, o preço médio é bastante acessível, em torno de R$10 por 100 gramas. De fato, entre os diversos admiradores de suas especiarias, destaca-se Suellyn Cadore, integrante da Guarda Municipal de Santa Terezinha de Itaipu. Ela, que cultiva pimentas há três anos, compra regularmente de Rildo.
“Nos meus momentos livres, produzo mudas, conservas e molhos. Foi através de grupos de cultivo que conheci o trabalho do Rildo, e desde então ele sempre foi um grande parceiro”, comenta Suellyn. Sua pimenta favorita, por sinal, é a Bhut Jolokia Chocolate, cuja ardência varia entre 800 mil e 1 milhão de SHU. No entanto, ela também já experimentou a Carolina Reaper e não hesita em elogiar seu aroma marcante.
“Hoje, cultivo diversas pimentas nucleares, como Habanero, Carolina Reaper, Bhut Jolokia Chocolate e outras. Também uso a biquinho para petiscos. Por isso, para mim, pimentas são indispensáveis na culinária, além de trazerem aprendizado e conexão com o mundo do cultivo”, afirma.
Algumas das pimentas mais ardidas cultivadas em Maringá
- Carolina Reaper;
- Trinidad Moruga Scorpion;
- 7 Pot Douglah;
- 7 Pot Primo;
- Trinidad Scorpion Butch;
- Naga Viper;
- Bhut Jolokia;
- 7 Pot Barrackpore;
- 7 Pot Gigante Red;
- Red Habanero Savina.
Para Rildo, produzir pimentas tão desejadas é motivo de orgulho. “É gratificante ver o impacto que essas pimentas têm. Muitas pessoas chegam confiantes no viveiro, mas acabam se surpreendendo com a ardência. Sempre alerto sobre a intensidade da Carolina Reaper e pergunto sobre alergias antes de vender. Quem experimenta e gosta, com certeza volta para buscar mais”, conclui o produtor.