Texto nunca enviado para o meu melhor amigo

Destaque Literatura

O relógio marca meia-noite. Na tela do celular, um texto que jamais verá a luz do “enviar”. Não por falta de vontade, mas talvez por excesso de cuidado. Há palavras que, por mais que façam sentido na mente, parecem pesadas demais quando se destinam a um amigo tão próximo. Talvez seja esse o mistério da amizade: a segurança de não precisar dizer tudo. E mesmo assim, querer dizer.

Pensei em você agora. Sim, nesse exato momento, enquanto o mundo dorme e o silêncio toma conta do quarto. Esse silêncio que, quando estamos juntos, ganha outro significado. Porque o nosso silêncio nunca é desconfortável. Ele é um lugar seguro, uma pausa compartilhada, uma compreensão mútua que não necessita de palavras. Eu queria te dizer isso: sinto falta desse espaço que criamos juntos. Sinto falta das risadas, das conversas, mas, principalmente, do silêncio. Quem diria que o silêncio entre amigos pode ser tão reconfortante?

E, sabe, pensando bem, é engraçado. Como a vida vai nos moldando, transformando, e às vezes não nos damos conta do quanto nos influenciamos. Eu te vejo crescendo, mudando, e me pego pensando: “Será que ele percebe o quanto é importante para mim?” Porque é. Cada conselho, cada piada interna, cada bronca que você me deu no meio de um desabafo sem sentido… tudo isso está aqui, em quem eu sou hoje.

O orgulho que sinto de você é imenso. E eu talvez nunca tenha dito isso com a clareza que deveria, mas você, de alguma forma, deve saber. E se não sabe, espero que um dia eu consiga te dizer sem me perder nas palavras. Espero que saiba que, quando o mundo parece difícil de encarar, você é o meu primeiro pensamento. É quem eu sei que vai me ouvir, que vai me dar aquele toque de realidade ou me deixar falar até cansar, sem julgamento.

E talvez eu nunca te mande este texto. Talvez ele fique guardado aqui, como um segredo que, no fundo, não precisa ser revelado. Porque a nossa amizade tem isso: a certeza de que não precisamos de todas as palavras para entender o que o outro sente.

Mas, só por via das dúvidas… obrigado.

Foto: Reprodução/Pixabay

Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *