UEM conquista a primeira patente verde da história da Universidade

Destaque Maringá

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi contemplada, na semana passada, com a concessão da primeira patente verde da história da instituição, além de ter obtido mais duas cartas-patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Nesta invenção, o estudo utilizou o gesso acartonado descartado da construção civil, em substituição à gipsita natural, para a fabricação de painéis de gesso acartonado. Este descarte causa impacto ambiental e todas as conseqüências proporcionadas por ações desta natureza. A pesquisa representa também um novo produto a partir do aproveitamento dos resíduos agrícolas, que são gerados em grandes quantidades e, de modo geral, descartados na natureza.

Os inventores lembram que uma das formas de permitir a fabricação de painéis de gesso acartonado, de maneira a se tornar um processo de fabricação mais sustentável, é substituir algumas de suas matérias primas que são importadas, ou ainda que exijam a utilização de recursos naturais finitos, como é o caso do gesso. O processo patenteado pode ser aplicado na construção civil para revestimento interno com características para isolamento acústico. Ele foi desenvolvido pelos pesquisadores Célia Regina Granhen Tavares, Rubya Vieira de Mello Campos, Carlos Augusto de Melo Tamanini, Paulo Fernando Soares e Aline Lisot.

A UEM havia encaminhado o pedido de depósito desta patente verde, em 2017, por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). O título é “Processo de fabricação de painéis de gesso acartonado a partir de resíduo fibroso e de resíduos de painéis de gesso acartonado”. Informações sobre o pedido podem ser obtidas aqui.

Foco é a conservação

O programa piloto Patentes Verdes teve início em abril de 2012. A partir dezembro de 2016, o INPI passou a oferecer o exame prioritário de pedidos relacionados à tecnologias verdes como serviço permanente. 

O foco é a conservação do ambiente e, consequentemente, a redução dos impactos ambientais e o combate às mudanças climáticas. 

A meta do programa piloto Patentes Verdes é acelerar a análise dos pedidos de registros de patentes vinculados a projetos sustentáveis. São contempladas propostas nas áreas de energia alternativa, transporte, conservação de energia, agricultura sustentável e gerenciamento de resíduos, que é o caso da solicitação da UEM.

O programa visa a acelerar o exame dos pedidos de patente de tecnologias relacionadas às questões ambientais e permite que sejam identificadas novas tecnologias que possam rapidamente ser utilizadas pela sociedade, ao estimular seu licenciamento e incentivando a inovação no Brasil.

Normalmente, um pedido de patente leva entre oito e dez anos para ser concedido. Os pedidos que participam do Programa Patentes Verdes recebem atenção especial e seus exames ocorrem de forma mais rápida.

Produção de Bioplástico e extração de ácido

Das demais cartas-patente conquistadas, uma é relativa à produção de bioplástico a partir da casca de camarão (representa um importante resíduo da indústria pesqueira), e a outra envolve a extração de ácido chiquímico a partir de plantas de Calophyllum brasiliense, conhecida popularmente como guanandi. 

A primeira é na área de medicamentos e cosméticos e tem como título “Despolimerização de quitosana utilizando processo de secagem por CO2”, em cotitularidade com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsável pela gestão do pedido. Os inventores são Lúcio Cardozo Filho, Helton José Alves, Mabel Karina Arantes Alves e Cristie Luis Kugelmeier.

A pesquisa se refere à produção de bioplástico a partir da casca de camarão, que representa um importante resíduo da indústria pesqueira, utilizando a técnica de secagem por CO2 supercrítico. A fabricação pode ser aplicada para produzir micro e nanopartículas contendo medicamentos, vitaminas e cosméticos; e ainda na formulação de alimentos, medicamentos, cosméticos, entre outros. Informações sobre o pedido podem ser obtidas na página.

A outra patente, na área de biotecnologia, é intitulada “Processo de extração de ácido chiquímico a partir de plantas Calophyllum brasiliense”, e dispõem como inventores Osvaldo Ferrarese Filho, Rogério Marchiosi, Ana Paula Ferro, Rodrigo Polimeni Constantin, Wanderley Dantas dos Santos, Aparecida Maria Dantas Ramos e Raissa Benan Zara.

O ácido chiquímico é matéria-prima fundamental para a síntese do antiviral Tamiflu. A principal forma de obtenção do metabólito é a sua extração a partir de sementes da planta chinesa anis-estrelado. Porém, em algumas épocas do ano ou em casos de reduzida produtividade, a escassez de sementes de anis-estrelado pode limitar a produção do medicamento. Neste contexto, a invenção refere-se ao desenvolvimento de um método de extração de ácido chiquímico a partir de plantas Calophyllum brasiliense, conhecida popularmente como guanandi. 

O processo é caracterizado por ser feito a partir de raízes, caules, folhas, sementes, casca das sementes ou quaisquer resíduos/partes da referida planta. A invenção provê não apenas um processo eficiente para extração de ácido chiquímico, mas também uma nova fonte natural deste composto. Pode ser aplicada para a obtenção de ácido chiquímico para posterior utilização na indústria farmacêutica. Informações sobre o pedido podem ser obtidas neste .

Com estas concessões, a UEM conta com 38 patentes e aguarda ainda a análise de outros 91 pedidos que estão depositados junto ao INPI. Outras informações sobre podem ser obtidas pelo e-mail nit@uem.br ou pelos telefones (44) 3011-3861 e 3011-5473.

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