Um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse hoje (9) que é improvável que o novo coronavírus tenha escapado de um laboratório chinês, defendendo a possibilidade de ter sido transmitido por um animal.
O especialista em segurança alimentar e doenças animais da OMS Peter Ben Embarek fez um resumo da investigação que está sendo feita por uma equipe de cientistas chineses e da OMS sobre as possíveis origens do novo coronavírus em Wuhan, a cidade chinesa onde os primeiros casos de covid-19 foram diagnosticados.
O Instituto de Virologia de Wuhan, um dos principais laboratórios de pesquisa de vírus da China, construiu um arquivo de informações genéticas sobre coronavírus em morcegos, após o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que surgiu no país asiático em 2003.
Isso levou a alegações de que a covid-19 poderia ter saído daquelas instalações, hipótese sugerida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Juntamente com cientistas do instituto, a equipe da OMS, que inclui especialistas de dez países, visitou hospitais, institutos de pesquisa e o mercado de frutos do mar onde foram diagnosticados os primeiros casos.
“As nossas descobertas iniciais sugerem que a entrada por meio de uma espécie hospedeira intermediária é o caminho mais provável, o que exigirá mais estudos e pesquisas mais específicas”, disse Embarek.
“No entanto, as descobertas sugerem que a hipótese de se tratar de um incidente em um laboratório é extremamente improvável”, acrescentou.
Os investigadores chineses anunciaram que não encontraram o animal que está na origem do novo coronavírus.
A transmissão para o ser humano a partir de um animal é provável, mas “ainda não foi identificada”, disse Liang Wannian, chefe da delegação de cientistas chineses.
Wuhan, cidade localizada no centro da China, diagnosticou os primeiros casos do novo coronavírus no final de 2019, o que as autoridades de saúde chamaram inicialmente de “pneumonia por causa desconhecida”.
Os investigadores disseram que não encontraram indícios da presença do vírus em Wuhan antes de os primeiros casos terem sido diagnosticados.
“Nos dois meses anteriores a dezembro, não há evidências de que o [vírus] estivesse circulando na cidade”, disse Liang, em em entrevista sobre os resultados da investigação.
A missão da OMS sobre as origens da transmissão do vírus é importante para prevenir a ocorrência de futuras epidemias, mas só se concretizou depois de mais de um ano de os primeiros casos terem sido diagnosticados.
Pequim continuou a negar os pedidos de uma investigação estritamente independente.
A investigação é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam que o vírus teve origem em outros países.
A visita dos especialistas ocorre depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma cobrança por parte da OMS, que afirmou que a China estava demorando muito para fazer os arranjos finais.
A OMS já tinha alertado que seria necessário ter paciência antes de encontrar a origem do vírus.
* Com informações da RTP – Rádio e Televisão de Portugal