O Morro Dois Irmãos, pelo lado de São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, se transformou de ontem (22) até o domingo (24), em uma tela de cinema com dimensão equivalente a 500 metros, no evento Projeta Rocinha, sempre a partir das 19h. Serão exibidos longas, curtas, clipes, mensagens e intervenções poéticas, além de mensagens de saúde pública relacionadas à prevenção da covid-19 (#vacinajá). Os organizadores estimam uma plateia de 100 mil pessoas. O som será via streaming, com transmissão também pela rádio comunitária local.
“Os 100 mil moradores da Rocinha viverão a experiência de presenciar a maior projeção da América Latina, assistindo a conteúdos afirmativos que surgiram do vulcão de criatividade e atitude da própria favela, a vida que reluz na Rocinha”, disse a diretora e coordenadora-geral do evento, Mariana Marinho.
Com a pandemia do novo coronavírus (covid-19) e a necessidade do distanciamento prolongado, surgiu a preocupação com a saúde, tanto física quanto emocional dos moradores, explicou Mariana.
A proposta do Projeta Rocinha, segundo Mariana, “é oferecer arte como respiro, abrindo o início do novo ano, depois de meses seguidos de pandemia”.
“Trazer a força e grandeza do evento, transmitir o conceito de uma nova experiência nunca vivenciada antes. O evento tem o caráter divertido de um festival, mas, ao mesmo tempo, é empoderador, dando força à cultura, às minorias, à geografia do local, às ações e aos movimentos culturais já existentes na favela”, disse.
O Projeta Rocinha foi organizado pela Dona Rosa Filmes, da produtora Mariana Marinho, e por Maurício Soca, morador e produtor cultural da comunidade. A intenção é mostrar a força e a potência da considerada maior favela da América Latina. A preparação contou com a participação de artistas e moradores da comunidade na curadoria do evento.
Os três longa-metragem que serão exibidos já somaram cerca de 14 milhões de espectadores. Os filmes são Minha Mãe é uma Peça 3, de Susana Garcia; Fala sério, Mãe!, de Pedro Vasconcelos, e Gonzaga: De pai para filho, de Breno Silveira. Esse longa foi escolhido por representantes e artistas da comunidade, grande parte de origem nordestina.
Antes dos filmes serão projetados curtas-metragens, ente eles, Janelas Daqui, de Luciano Vidigal, realizado durante a pandemia, abordando os impactos da covid-19; Lá do Alto, também de Luciano Vidigal, filmado no Dois Irmãos; A fábula da Vó Ita, de Joyce Prado e Thalita Oshiro, que aborda a importância do cabelo crespo; e Alma Crespa, de Paulo China e Rebecca Joviano, sobre o feminismo negro.
Nos clipes musicais de diversos artistas, a programação vai exibir Pra dizer adeus, Sonífera ilha e Enquanto houver sol, dos Titãs; De ontem, Liniker e os Caramelows; Náufrago, de Majur; Fica em casa, de Marília Coelho; e Who’s that boy? e Te ligo e vc não atende, de Luthuly.