O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), apresentou hoje (30) seu futuro secretário de saúde Daniel Soranz. Juntos, eles anunciaram que já estão trabalhando no planejamento das ações de enfrentamento à pandemia de covid-19 na cidade. Soranz listou 10 medidas que nortearão o início de sua gestão.
“Obviamente são medidas que ele não pode tomar de imediato. Ele só poderá colocar em prática a partir de 1º de janeiro. Mas, tenho certeza que esse assunto estará em boas mãos”, afirmou Paes, vitorioso na eleição municipal de ontem (29) após receber 64,07% dos votos válidos no segundo turno, disputado contra o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). O prefeito eleito avaliou que a população do Rio de Janeiro está desamparada em meio à pandemia de covid-19 e afirmou que sua gestão procurará enfrentar o problema em parceria com o governo estadual.
Médico e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Soranz será reconduzido à função que já ocupou entre 2014 e 2016, à frente da secretaria municipal de Saúde, durante a última gestão de Paes. Na ocasião em que assumiu o cargo, ele já carregava uma experiência na própria pasta, onde chefiava desde 2009 a subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde.
O secretário pontuou que, durante esse período, enfrentou outras crises de saúde pública como a que foi causada em todo o mundo pelo vírus H1N1 e também as epidemias de dengue, zika e chikungunya. “Esperamos poder utilizar esse conhecimento para fazer diferença em relação à covid-19”.
A primeira medida listada por Soranz é a oferta de testes de maneira desburocratizada em todas as unidades de saúde. Ele avalia que o Rio de Janeiro tem uma taxa de letalidade alta porque faz poucos exames na população. “A gente testa muito pouco. É uma das capitais onde é mais difícil conseguir fazer o teste”, avaliou o futuro secretário.
A taxa de letalidade representa a proporção de pacientes infectados que morrem. Soranz observa que o indicador é impreciso se as pessoas que manifestam sintomas leves não são testadas. Conforme levantamento da Fiocruz realizado em setembro, o índice de infectados que não resistiram à doença no Rio de Janeiro é de 10,7%, quase três vezes maior do que a média nacional de 3,7%. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que a taxa de letalidade real da covid-19 seja de 0,6%.
Mortalidade
Soranz manifesta preocupação com a alta taxa de mortalidade na capital fluminense. Diferentemente da taxa de letalidade, a taxa de mortalidade aponta a relação entre o número de mortos e a população. “São muito mais óbitos do que em todas as outras epidemias da história da cidade”. Segundo dados do Painel Covid-19, administrado pelo Ministério da Saúde, o Rio de Janeiro possui atualmente a maior taxa de mortalidade entre as capitais do país: 197,8 óbitos por 100 mil habitantes. Mais de 13 mil pessoas já morreram na cidade em decorrência da doença.
Duas medidas foram estabelecidas com a expectativa de que possam ajudar a alterar esse cenário. Uma delas é a busca por parcerias com a Fiocruz e com outras instituições de saúde para dar celeridade aos resultados dos exames, pois a demora pode prejudicar a prevenção. A outra é capacitar as equipes de saúde da família para fazer o rastreamento de quem teve contato com os pacientes que testaram positivo e, assim, interromper a cadeia de transmissão. “É o que foi feito em todas as cidades que tiveram bom desempenho”, avalia Soranz.
Também está nos planos reabrir leitos, abastecer unidades de saúde com medicamentos, firmar parcerias com universidades para realizar levantamentos epidemiológicos, promover integração com a assistência social e investir na saúde mental para reverter o aumento do número de casos de ansiedade e depressão. Outra medida prevista é a retomada de cirurgias eletivas que foram suspensas. Segundo Soranz, há 405 mil pessoas esperando para realizar procedimentos cirúrgicos.
A décima medida anunciada é a preparação da cidade para a campanha de vacinação contra a covid-19. “Nós temos uma dificuldade de ter técnicos de enfermagem para vacinar toda a população. Vamos precisar avançar nisso, ter mais equipes. Também precisaremos melhorar estruturalmente as salas de vacinação. Temos 25% dessas salas com problemas estruturais graves, como geladeira ou ar condicionado que não funcionam”, disse o futuro secretário.