UPA de Sarandi conta com dez profissionais do projeto Covid, da UEM

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O movimento dentro da Unidade de Pronto-atendimento de Sarandi é sempre intenso. A pandemia agravou o cenário e, como em todas as unidades de referência, os profissionais tiveram que se adaptar e organizar uma ala específica para atendimento de casos respiratórios. Com equipe enxuta e espaço reduzido, a necessidade de reforço de pessoal foi imprescindível.

“Quando surgiu o projeto da Fundação Araucária em parceria com a UEM, começamos a pensar nas fragilidades da nossa saúde da região. Em Sarandi, segundo maior município da Regional, nosso apoio se voltou para a UPA, que seria a referência durante a pandemia”, relembra a coordenadora de Educação Permanente em Saúde, da 15ª Regional, Greicy Cezar do Amaral. 

O projeto ao qual Greicy se refere é o “UEM no combate ao coronavírus”. A ação é financiada pela Fundação Araucária de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA) em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde (Maringá), 12ª Regional de Saúde (Umuarama), 13ª Regional de Saúde (Cianorte) e 22ª Regional de Saúde (Ivaiporã).

Processo – Desde abril, quando teve início o projeto, dez bolsistas, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem, foram inseridos no dia-a-dia da UPA de Sarandi e, com eles, ficou a responsabilidade de organização da ala Covid, na unidade. “Foi um apoio providencial naquele momento e é até hoje”, destaca a coordenadora Greicy. “Treinamentos foram realizados para remanejar e estruturar a ala e toda a mudança do fluxo dos pacientes”, completa.

O chefe da UPA Sarandi, o enfermeiro Marcos Benatti Antunes, lembra que o momento era desafiador e, sem o projeto, não sabe como tudo se organizaria e se manteria até hoje. “De repente tivemos que dividir a UPA em duas partes, um ambiente que já vivia lotado. E, depois desta organização inicial, a área Covid, desde sempre, é ‘tocada’ pelos bolsistas do projeto, que são fundamentais para o bom funcionamento do novo espaço”.

De lá pra cá, os atendimentos na ala respiratória foram, gradativamente, aumentando. Atualmente, a média é de 70 por dia só ali, mas houve momentos em que a equipe atendeu 160 pessoas, em doze horas de plantão.

Além dos profissionais formados, dois estudantes de enfermagem também foram deslocados para UPA, como bolsistas.  A coordenadora do projeto, a docente do Departamento de Enfermagem da UEM, Viviani Meireles, relembra que, para os estudantes, foi importante estar envolvido no processo. “Uma experiência desafiadora para todos e para os alunos que estavam sem estágio, naquele início, foi uma oportunidade de aprendizagem muito grande”.

Rotina – O coordenador de enfermagem da UPA Sarandi, João Gabriel, que atua na unidade há mais de seis anos, explica que os bolsistas trabalham desde o acolhimento, acompanhamento até o encaminhamento do paciente para outros locais, quando necessário, assim como coleta de material para exames. “Fazem todo o acompanhamento necessário que compete a enfermeiros e técnicos”.

Depois da saída da UPA, a situação do paciente precisa ser monitorada e acompanhada via telefone. Para isso, há um Setor de Epidemiologia, que conta com dois bolsistas do projeto da UEM. A enfermeira do setor de vigilância epidemiológica, Ayla Veiga, conta que, no início da pandemia, os dois profissionais eram os únicos do setor a fazer estes acompanhamentos, mas, hoje, devido ao crescimento da demanda, o município teve que contratar mais. “Eles monitoram os pacientes que foram notificados com suspeita ou tiveram confirmação da Covid, e aqueles que estão aguardando o resultado de exames. Além disso, fazem toda a digitação no sistema com os dados e números coletados” (foto acima).

Desafio emocional – A enfermeira Larissa Figueira é uma das bolsistas do projeto. Está atendendo na UPA desde abril e, de lá pra cá, vem enfrentando vários desafios, na vida profissional e pessoal, mas sempre com muita seriedade. Com 26 anos, este está sendo seu primeiro emprego. Teve de mudar de cidade e se adaptar às rotinas de plantões. Além de tudo, ela e o marido tiveram Covid. “Senti na pele como é estar do outro lado, ser paciente, não é fácil, mas, graças a Deus, os sintomas foram leves, tomei os medicamentos necessários e nem eu nem meu marido precisamos de internamento”, conta a enfermeira.

Para ela, o maior desafio dentro da unidade é lidar com a parte emocional dos pacientes e dos acompanhantes. “Já presenciei várias pessoas chegando, se queixando de falta de ar, mas, depois de examinar, você vê que é ansiedade, medo. Então, temos um papel fundamental em acalmar estas pessoas, tranquiliza-las até para o tratamento ter o efeito esperado. Se o paciente acredita que vai morrer, desiste, para de se cuidar, não come mais direito, enfraquece, não toma as medicações como deveria”.

Por conta de tudo isso, Larissa acredita que as unidades de pronto-atendimento carecem de humanização da enfermagem. “O paciente de Covid está ali sozinho, não pode ter acompanhante. Por outro lado, o acompanhante está do lado de fora, desesperado, querendo informação. A ponte entre eles somos nós, enfermeiros. Temos um papel muito importante para acalmá-los com informações e cuidados”, reforça a enfermeira.

O técnico de enfermagem David Gatto Batista, que também está na UPA, pelo projeto da UEM, desde abril, confessa que, houve dias que achava que não ia dar conta, pelo grande número de pacientes. Mas que, no final, sempre acabou dando tudo certo. Ele também acredita que este olhar humanizado é o desafio dentro destes locais. “Lidar com este paciente consciente e orientado é nosso desafio, passar calma e tranquilidade é nosso trabalho”.

UEM no combate à pandemia – Atualmente, são 122 bolsistas no projeto da UEM, sendo que 62 deles estão atuando na 15ª Regional de Saúde; 25, na 13ª Regional; 18, na 22° Regional e 17, na 12ª Regional de Saúde. Os apoios estão sendo realizados nos mais variados setores: regionais de saúde, pronto-atendimentos, Hospital Universitário de Maringá (HUM), Instituto Médico Legal, delegacias e rodovias do Paraná, que fazem divisas com outros Estados.

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