Projeto Covid reforça HUM com mais de 40 profissionais

Destaque Maringá

Abril de 2020, Hospital Universitário de Maringá (HUM). Isolamento social havia sido decretado, há poucos dias, por autoridades municipais e estaduais. Doença nova para enfrentar, sem os internos, dispensados por conta da suspensão das atividades acadêmicas presenciais na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Foi neste cenário incerto e turbulento que o projeto “UEM no combate ao coronavírus” começou dentro do HUM. A ação, que ainda está em andamento, em agosto de 2020, é financiada pela Fundação Araucária de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde (Maringá), 12ª Regional de Saúde (Cianorte), 13ª Regional de Saúde (Umuarama) e 22ª Regional de Saúde (Ivaiporã).

No total, o projeto trouxe para dentro do HUM um reforço de mais de 40 profissionais e internos do último ano de Medicina e de Enfermagem. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, equipe multidisciplinar entre nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, biomédicos, assistente social e biólogo fazem parte da equipe.

“Para nós foi uma novidade. Sabíamos do projeto, mas não da quantidade de inscritos. Diante do cenário da ausência de alunos, estes bolsistas chegaram e já começaram a atender e acompanhar no outro dia. Foi uma ação muito rápida. Não sentimos tanto este momento por conta do projeto. Foi tudo muito eficiente. Um ganho muito grande para o HUM”, relembra a assessora da Qualidade e Relações Instituições do Hospital, Jocimara Mazzola. Ela também ficou responsável por apoiar, principalmente, os alunos, já que eles precisavam fazer relatórios mensais.

Jocimara ainda recorda que, mesmo a maioria dos bolsistas era profissionais recém-formados, todos chegaram muito prontos, com muita força de vontade e sem medo de enfrentar o desafio. “Eles foram perfeitos. Foi um momento de muito aprendizado para todos. E para os bolsistas, com certeza, uma experiência para a vida”.

Amor pelo HUM – A professora adjunta do Departamento de Enfermagem e uma das coordenadoras do projeto, Viviani Camboin, conta que, no início, os bolsistas chegaram atendendo em todos os setores do Hospital. Com a estruturação e abertura do setor Covid, foram todos alocados lá, depois de passar por um treinamento para a prevenção e enfrentamento da doença. “Foi uma época de muita tensão, mas gratificante, porque todos pudemos contribuir com o HUM, que é nossa casa. Foi gratificante ver os alunos com a gente, lá, na linha de frente, no combate ao coronavírus”, destaca a coordenadora.

A diretora de Enfermagem do HUM, Viviani Dourado, conta que, naquele cenário desconhecido, bolsistas do projeto ajudaram na dinâmica dos trabalhos e na composição das equipes. “Contribuíram bastante naquele momento inicial e, ainda hoje, contribuem. Os alunos tiveram um destaque, porque, apesar de estudantes, responderam muito bem às novas rotinas e às novas propostas”.

LUCAS INTERNO

Lucas Brunati Gremaski (foto acima), aluno do 6º ano de Medicina da UEM, foi um dos que não queria abandonar o HUM naquele momento e viu no projeto uma oportunidade de continuar contribuindo com seus serviços lá dentro. “Eu já estava no internato, tínhamos um ritmo de trabalho dentro do HUM muito bom, eu não me via mais fora do Hospital, queria estar lá de qualquer forma, neste momento tão desafiador”. Ele foi um dos alunos que foram conversar com a superintendência para encontrar uma possibilidade de trazer os estudantes de volta, como bolsistas, e o projeto “UEM no combate ao coronavírus” foi a chance que muitos estavam aguardando. “Foi uma oportunidade maravilhosa. Queríamos voltar e era o momento em que o Hospital estava precisando de nossa ajuda”, enfatiza Lucas.

Para ele, o momento de incerteza e medo foi enfrentado com muita naturalidade e coragem. “Insegurança, principalmente, por conta da minha família, eu tive, claro, mas o dever de fazer a minha parte como futuro médico falou mais alto”.

Profissionais do HUM e bolsistas do projeto, juntos, estruturaram todos os trabalhos, organizaram as alas e, com o passar dos dias, o fluxo de atendimento foi se acomodando. “Tínhamos um grupo de alunos que queria trabalhar e havia muito a ser feito. O Hospital nos acolheu de braços abertos e os funcionários ficaram felizes com o nosso retorno”, destaca o estudante.

De longe – A abertura do edital do projeto financiado pela Fundação Araucária atraiu a atenção de profissionais da saúde de todo o País. Quatro enfermeiras que se inscreveram e foram selecionadas vieram do Estado do Pará.

Kerolaine Macedo, de 23 anos, foi uma delas. Ela chegou em maio, em Maringá, passou pelo treinamento de higienização, de reanimação de pacientes com Covid e utilização de equipamentos respiratórios e de infusão. Com isso, atuou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do setor de Covid. “Como recém-formada foi um aprendizado enorme. Foi a primeira vez que trabalhei dentro de um hospital. Tudo o que eu aprendi lá dentro vou levar para o resto da minha vida”. Ela, que voltou para casa no início de agosto, se sente ainda mais segura para seguir a pós-graduação no setor de UTI. “Coincidiu de atuar na terapia intensiva, sendo que eu já tinha iniciado a minha pós antes do projeto. Só veio reforçar que eu estou no caminho certo, porque foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora”, finaliza a paraense.

Outra enfermeira que veio de longe foi Luana Costa Milhomem. Também do Pará, ela relembra que, com a pandemia, conseguir um estágio, nem que voluntário, ou um trabalho, se tornou impossível. O projeto chegou na hora certa e ela não teve dúvidas de aceitar. “No HUM, eles me deram todo o suporte que eu precisei, até mesmo apoio psicológico. Eu nunca tinha me deparado com um hospital tão correto e com um ambiente tão gostoso de trabalhar”, enfatiza Luana, que atendeu no Pronto-Socorro Respiratório, depois na Clínica Médica. “Eu ajudei na montagem e abertura da ala Covid, então, passei por todo o processo. Lá foi onde desempenhei com autonomia desde a parte de gerenciamento até a parte clínica”. Com marido e filhos esperando em casa, no início de agosto ela decidiu voltar para sua terra natal. “Sou muito grata aos líderes do projeto e a oportunidade que tive”.

debora no hum

Para a pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Sant’ Ana, o apoio ao HUM é um exemplo prático da execução de ações de extensão universitária. “Essas ações se caracterizam pela realização de troca de conhecimentos entre as partes envolvidas. O grande projeto de enfrentamento ao coronavírus nos trouxe, e ainda traz, muitos desafios, mas, também, muita alegria por poder mostrar a força da nossa Universidade e da Extensão Universitária a todo nosso entorno”, comemorou a professora Débora.

Texto produzido pela bolsista do Projeto Covid, a jornalista Vanessa Bellei

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