A Universidade Estadual de Londrina (UEL) vai integrar a “Iniciativa para a Erradicação do Racismo na Educação Superior” – Iniciativa para la Erradicación del Racismo en la Educación Superior – proposta pela Cátedra da Unesco para Educação Superior, Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina. A campanha “UEL na Luta contra o Racismo” foi idealizada por professores e estudantes de vários centros de estudos. A Unesco é órgão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Foram submetidos à Catedra Unesco 49 projetos, dos quais 26 propostas de ação foram contempladas e serão executadas de 15 de setembro a 15 de novembro.
Entre as atividades estão seminários, oficinas e cursos online, fóruns, programas de rádio e de televisão, produção audiovisual e campanhas de sensibilização. A Cátedra da Unesco para Educação Superior, Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina está sediada na Universidade Três de Febrero, da Argentina.
A coordenadora da Comissão Universidade para os Índios (CUIA/UEL), professora Mônica Kaseker, do Departamento de Comunicação do Centro de Educação, Comunicação e Artes, explica que a proposta “UEL na Luta contra o Racismo” será aberta em setembro, com uma roda de conversa online, com narrativas contra o racismo na UEL, com a participação de professores, estudantes negros cotistas, estrangeiros e indígenas. “Teremos a gravação de microvídeos com relatos de vivências e estratégias de superação do racismo na UEL”.
O material audiovisual vai compor um acervo que já existe, produzido em anteriores por várias universidades que participam da iniciativa da Unesco. Outras ações previstas são conferência online e desenvolvimento de site para abrigar produção científica e acadêmica de combate ao racismo. Para Mônica Kaseker, a importância dessa campanha é dar visibilidade às ações de combate ao racismo no ensino superior, em um trabalho em rede integrando vários países da América Latina.
A UEL fará parte da iniciativa juntamente com universidades, institutos e outras organizações da Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México.
Do Brasil, foram contempladas sete propostas, que incluem diferentes instituições na organização e realização das ações. As atividades contra o racismo poderão usar os materiais produzidos pela Iniciativa para a Erradicação do Racismo na Educação Superior. Trata-se da coleção de textos Apuntes e, também, vídeos. Os materiais podem ser consultados no site da UNESCO.
RACISMO – A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB UEL), professora Maria Nilza da Silva, do Departamento de Ciências Sociais do Centro de Letras e Ciências Humanas, afirma que o racismo é um mal que assola o mundo todo e precisa ser erradicado. Ela lembra que o racismo estrutural perpassa todas as instituições, inclusive a universidade, que até pouco tempo não tinha a presença de negros e indígenas, sobretudo em cursos de maior prestígio social.
Para ela, somente com as ações afirmativas, com diferentes formas de ações afirmativas, é que aumentou a presença de negros e indígenas no ensino superior. Ela destaca o sistema de cotas para negros e as vagas suplementares para indígenas. A professora Maria Nilza afirma que apenas as ações afirmativas não são suficientes. “Quando a população negra chega na universidade, muitas vezes, necessita de apoio, por exemplo, de bolsas para garantir a permanência com qualidade”. Ela afirma que o racismo ainda se manifesta na não valorização do conhecimento dos povos negro e indígena. A equipe do projeto “UEL na luta contra o racismo”, além da professoras Maria Nilza da Silva e Mônica, é composta pelo professor Jefferson Olivatto da Silva, do Departamento de Psicologia Social e Institucional do Centro de Ciências Biológicas; professora Andréa Pires Rocha, do Departamento de Serviço Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas; professora Mariana Panta; pós-doutoranda e colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia; pelos estudantes Alexandro da Silva, do curso de Ciências Sociais e representante da Articulação dos Estudantes Indígenas da UEL (Artein), e Amauê Lourenço Guarani Jacintho, também do curso de Ciências Sociais.
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