A novela “Novo Mundo” da rede Globo está sendo transmitida mais uma vez no horários das 18h por conta da pandemia mundial. A trama é baseada em um período crucial da História do Brasil: o período que antecede a proclamação da independência e o Primeiro Reinado. A trama – ficcional – tem como centro as forças no casamento de D. Pedro e D. Leopoldina e porventura no romance do futuro imperador com Domitila, que se tornaria a marquesa de Santos.
Como era de se esperar, muitas licenças “poéticas” e algumas histórias contraditórias tem sido contadas no decorrer da novela . Uma trama que tem por objetivo entreter e não ensinar História, argumentam muitos defensores da trama. E eles têm certa razão. Porém, precisamos por alguns limites na histórias para que ela não saiam do contexto.
Em alguns capítulos anteriores, foi insinuado um possível romance entre Leopoldina e José Bonifácio, na história um homem de confiança de D. Pedro e figura importante no processo de independência. Um (quase) beijo entre os dois personagens para “apimentar” a trama causou desconforto entre muitos espectadores.
Muitas pessoas se perguntaram se é possível haver algo verdadeiro neste possível romance. A resposta é não, nunca houve indício desse envolvimento. Apesar de sofrer muito com as traições do marido, Leopoldina era apaixonada por ele, não se envolveria com outro homem. Teve uma gravidez atrás da outra. E Bonifácio era um homem consciente de suas responsabilidades e de seu lugar a corte. Foram próximos, amigos até, mas ao insinuar um quase romance, a trama passou um pouco dos limites.
No livro de Mary del Priore, em “A Carne e o Sangue”, destaca que entre Bonifácio e Leopoldina havia uma simpatia mútua. “Ele a tratava de boa e incomparável ama que o céu nos quis dar como presente seu”. Havia admiração entre os dois, e confiança. Ambos tinham muito em comum. A princesa vivia isolada, tratada com desconfiança pelas damas portuguesas e com distância pelo marido. Provavelmente encontrava em Bonifácio alguém com quem conversar, principalmente sobre a paixão sobre história natural.
Quando Leopoldina morreu, em dezembro de 1826, José Bonifácio, iria profetizar:
“A morte da imperatriz me tem penalizado assaz. Pobre criatura. Se
escapou ao veneno, sucumbiu aos desgostos; mas este sucesso deve trazer
consequências poderosas não só para D. Domitila, mas, talvez para grande parte do ministério.”
E de certa forma, ele tinha razão.