O Campeonato Catarinense está de volta. Depois de o Rio de Janeiro autorizar a realização de partidas de futebol, nesta quarta-feira (8) será a vez de Santa Catarina ver a bola rolar. Às 19h (de Brasília), o duelo entre Criciúma e Marcílio Dias, no estádio Heriberto Hülse, em Criciúma (SC), marca a volta do campeonato após 115 dias de paralisação, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Mais tarde, às 20h30 (de Brasília), tem Chapecoense x Avaí na Arena Condá, em Chapecó (SC). São os jogos de ida dos confrontos válidos pelas quartas de final.
Apesar de anunciada há cerca de um mês, a retomada só teve a liberação oficial na segunda-feira (6), com a publicação da portaria 466 no Diário Oficial do Estado. O decreto, assinado pelo secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, autoriza a volta das competições profissionais de futebol, com restrições. Uma delas, que consta no artigo 8º, inciso 29, prevê o afastamento de “todos os atletas e trabalhadores confirmados covid-19, bem como as pessoas que tiveram contato com estes”.
O técnico do Marcílio Dias, Moisés Egert, foi diagnosticado, na segunda-feira, com o novo coronavírus. Em nota, o time de Itajaí (SC) afirmou que Egert estava afastado desde o último dia 28 de junho, quando apresentou “sintomas leves”, mesmo após o primeiro teste ter dado negativo. O clube informou que a equipe será comandada pelo auxiliar Carlos Alberto Teco e que, antes do embarque, o médico Felipe Zamboni “mediu a temperatura corporal e examinou os atletas e comissão técnica, seguindo os protocolos de saúde para o combate à covid-19. Todos os jogadores do elenco estão bem e aptos à prática do futebol”, completou o informe.
Em entrevista coletiva, o técnico do Criciúma, Roberto Cavalo, confirmou o time que irá à campo nesta quarta-feira. “Estamos preparados e treinamos para jogar. Até porque serão feitos exames nos atletas e na comissão técnica, tanto do Criciúma quanto do Marcílio Dias. Então, dá uma certa tranquilidade”, disse, embora demonstre preocupação com a volta da competição propriamente dita. “Hoje, a covid-19 está muito forte no estado, principalmente em Itajaí, Camboriú e Florianópolis. Sabemos do tamanho do vírus e vamos fazer um jogo que a federação definiu”, declarou.
Por um lado, Santa Catarina tem a segunda menor taxa de mortalidade pelo novo coronavírus do país (5,8/100 mil habitantes) e é um dos cinco estados com menor taxa de incidência (casos por 100 mil pessoas). É uma situação mais controlada que no Rio de Janeiro, onde a bola voltou a rolar há quase três semanas, apesar de a taxa de mortalidade (63/100 mil) ser o dobro da média nacional (31,8/100 mil), conforme dados do Ministério da Saúde desta quarta.
Não significa, de fato, que a pandemia esteja totalmente administrada. A semana entre 28 de junho e 4 de julho foi a que registrou mais mortes pela covid-19 em Santa Catarina, com 71 óbitos. A capital Florianópolis, que nem é a cidade com mais casos no estado, está com mais de 94% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados segundo o Covidômetro, plataforma da prefeitura com dados sobre o novo coronavírus na cidade. Ele indica que o município está na fase de “alto risco”, que permite o funcionamento limitado de algumas atividades.
A realização de jogos com portões fechados também é exigência da portaria estadual 466
Pela tabela do Covidômetro, a “prática esportiva ao ar livre” está proibida nesta etapa. A prefeitura, porém, emitiu um decreto, também na segunda-feira, autorizando “jogos de futebol profissional, sem a presença física de torcida, mediante testagem PCR negativa para SARS-CoV-2 de todos os profissionais antes das partidas”. A medida permite que os representantes da capital, Figueirense e Avaí, possam mandar seus duelos nos estádios Orlando Scarpelli e Ressacada, respectivamente.
A realização de jogos com portões fechados também é exigência da portaria estadual 466. O Criciúma, em nota, disse ter tentado viabilizar a presença de torcedores contra o Marcílio Dias, alegando ter feito “inúmeros procedimentos de segurança sanitária” e elaborado “um protocolo muito rígido de distanciamento nas arquibancadas”, mas, que o pedido foi indeferido. “Continuaremos buscando alternativas para que, nos próximos jogos, possamos receber nossa torcida no estádio Heriberto Hülse de forma segura e de acordo com as deliberações das autoridades”, completa o Tigre.
Para compensar as arquibancadas vazias, colecionadores ofereceram ao Criciúma camisas para ocuparem as cadeiras do estádio. Já a Chapecoense fechou parceria com uma empresa que instalará um telão de 60 metros quadrados na ala leste da Arena Condá, contra o Avaí. O telão projetará imagens, em tempo real, de torcedores acompanhando a partida de casa. O público terá acesso à tecnologia por meio de um link, que “será disponibilizado de forma gratuita para os sócios e para os torcedores em geral”, por ser a primeira experiência.
Reta final
A bola parou de rolar pelo Catarinense em 15 de março, quando foi disputada a última rodada da primeira fase. Pela ordem de classificação, Avaí, Brusque, Figueirense, Marcílio Dias, Criciúma, Juventus, Joinville e Chapecoense se classificaram para o mata-mata. Além das partidas desta quarta, teremos jogos na quinta-feira (9): às 15h (de Brasília), Juventus e Figueirense se enfrentam no estádio João Marcatto, em Jaraguá do Sul (SC); às 19h (de Brasília), o Joinville recebe o Brusque, em sua arena. Os jogos de volta estão marcados para domingo (12). Em caso de igualdade nos duelos, a decisão da vaga sairá nos pênaltis.
Já Concórdia e Tubarão se enfrentam em dois jogos, marcados para os próximos dias 14 e 19 de julho, no playoff do rebaixamento. A equipe que obtiver melhor resultado nas partidas segue na elite estadual. Em caso de empate no saldo de gols, o Concórdia permanece na primeira divisão, já que fez campanha melhor que o rival na primeira fase.